Treinando para a Maratona

Treinar para uma maratona não é nada fácil e isso não é novidade para os corredores que já se prepararam e encararam os 42,195K alguma vez na vida. Talvez, se eu não fosse teimoso, esse post nem existiria, já que minha única experiência na distância beirou o desastre. Por mais que tenha compartilhado com os amigos meu sofrimento na Maratona de São Paulo em 2011 só eu sei o que passou na minha cabeça nos 12K finais daquela prova. Já sabia que a humildade deve ser levada a todos os segmentos de nossa vida, mas após o dia 19 de junho de 2011 minha bagagem de humildade aumentou muito em relação à corrida. Ao cruzar a linha de chegada esgotado e com muitas dores nas pernas e nos pés após 5h 28’ 23” poderia dizer a mim mesmo: nunca mais!!! Isso não é pra mim. No entanto, essa performance ficou engasgada e prometi que em 2012 voltaria a encarar a distância, mais preparado, bem treinado e sabendo o que de fato, a distância representa.

Poderia encarar maratonas com percursos mais planos, como POA e Rio, mas em vista das possibilidades, resolvi encarar a primeira edição da Maratona da Linha Verde em BH. A Meia da Linha Verde já é difícil, imagine a Maratona. Os amigos que já participaram da Meia destacam as fortes subidas da prova. O percurso da maratona, na sua primeira metade, será o mesmo da Meia (que vai pra sua 5ª edição) e a segunda metade, de acordo com a organização, será predominantemente plana. Ciente da dificuldade, acelerei para colocar os treinos em dia, já que as festas do final do ano fizeram estrago. Busquei uma planilha na internet e fiz algumas alterações de acordo com minhas possibilidades de treino e parti para os treinos, sabendo que a distância deve ser muito respeitada e que a melhor maneira de mostrar esse respeito é treinar duro e com afinco.

Na planilha estão previstos treinos de ritmo, ladeiras, tiros, longos e fartleks. A quilometragem semanal é alta e sobe aos poucos até atingir um ápice e ir diminuindo até a data da prova. Estão previstas a participação em algumas provas, como preparação, especialmente a Meia Maratona Internacional de SP, em março, e a Meia Maratona da Corpore, em abril. Confesso que não está sendo fácil, já que pela planilha praticamente não dá folga. O tempo de preparação não é o ideal, e por isso, preciso aproveitar os 3 meses e treinar bem. Nas últimas 3 semanas de férias, no início do ano, a rodagem atingiu os a “incrível” marca de 16K. Duas semanas sem correr e na terceira semana uma única corridinha de 16K. Corri muito...rs.. Que lástima. Valeu o descanso. Fim de férias e volta aos treinos. Com o tempo parado o condicionamento já era. No final de 2011 ano atingi duas marcas interessantes para mim, os 44’ 28” nos 10K e o 1h 08’ nos 15K. Agora é correr, literalmente, atrás novamente. Voltei aos treinos rodando na 1ª semana por volta de 40K e na segunda 56K. O ritmo não era o mesmo, mas consegui correr me sentindo bem e sem nenhuma dor. No dia 30 de janeiro comecei a planilha. Treinos e estímulos variados acompanhados de um fortalecimento muscular na academia. Na primeira semana foram 62K rodados e na segunda 66K. Entre os variados treinos confesso que os tiros de 2K e um longo de 26K me deixaram confiante. Na terceira semana um passo atrás ... somente 50K pra conta devido à uma dorzinha no joelho que me impediu de correr na sexta e no sábado. Não quero me machucar então procuro respeitar os sinais que o corpo me dá. No domingo consegui correr 10K sem dor nenhuma, então foi boa a parada.

Fonte: meu volume de corrida no linhadechegada.com.

Esse treino de domingo merece um capítulo a parte. No sábado, fugindo do carnaval, fomos para Guaíra, no interior de SP, visitar os avós da minha esposa. Por sinal, Guaíra possui um lugar incrível para treinar ... um percurso demarcado de 3000 m ao redor de uma bela lagoa. Um lugar muito agradável, com quadras, campos, aparelhos de ginástica e o melhor, uma pista de 400 m de terra batida onde realizei meu treino de domingo. Como é bom correr na terra ... os joelhos agradecem. Faz falta uma pista como essa aqui em Araras.

Ao redor da Lagoa em Guaíra-SP.

Treino de 10K na pista.

Os joelhos agradecem.

Atividades ao ar livre.

Eu e Keli, minha parceira de todas as horas.

 

Espero no dia 29 de abril ter uma boa participação na Maratona da Linha Verde em BH e posteriormente contar no blog minha experiência. Teve bão!!!  

28ª Volta Pedestre de Itu

Olá amigos!!!

Ao pensar este espaço, idealizei compartilhar com os amigos a alegria e a satisfação que a prática da corrida me proporciona. No entanto, com tão pouco tempo de “vida”, este blog traz hoje um relato triste. Neste sábado, dia 11 de fevereiro, junto com meus amigos da Equipe de Corrida Sayão F.C., compartilhei momentos de felicidade e empolgação com uma grande tristeza após a realização da excelente 28ª Volta Pedestre de Itu. Infelizmente, veio a falecer a Sra. Josefa Rafael dos Santos que viajou e compartilhou com a gente a ansiedade e felicidade por participar de sua primeira prova fora da cidade de Araras. Ela teve um infarto agudo e faleceu antes mesmo de chegar ao hospital. Lamentável!!!

  

A Volta Pedestre de Itu é uma corrida muito legal. Em sua 28ª edição, a Corrida é considerada umas das melhores e maiores do interior paulista. O número crescente de atletas a cada ano é a prova de que a organização oferece toda infraestrutura necessária para os competidores, atraindo corredores de todo o país, devido à premiação em dinheiro para os vencedores e troféus nas categorias. Marcada sempre pelo forte calor, típico do mês em que é realizada, apresenta aos atletas um percurso desafiador. A largada acontece na avenida Prudente de Moraes, ao lado do Estádio Municipal “Dr. Novelli Junior”, às 18h. Para este foram realizadas mais de 3 mil inscrições. Esta prova contou com a participação em peso da Equipe de Corrida Sayão F.C., da qual faço parte, levando mais de 30 corredores para a cidade de Itu. Saímos de Araras em um busão por volta das 14:30h e por volta das 16:30h estávamos em Itu. É muito divertido viajar em grupo para as corridas, já que as brincadeiras rolam soltas e a diversão é garantida. Logicamente, não pode faltar aquela perdidinha básica, né. Quando parávamos o ônibus perguntando às pessoas o caminho para o estádio a única informação que recebíamos era: vai reto!!! Indo reto e se perdendo, se perdendo e indo reto, chegamos...rs!!!

O percurso

Não lembrava muito bem do percurso e falei pro pessoal que a prova, nos seus 5K iniciais, era plana, e que daí para frente começavam as subidas. Enganei todo mundo sem querer, já que de início algumas subidas “aparecem”. Aos poucos fui me lembrando do trajeto. A largada, enfrente ao estádio do Ituano, parte rumo ao centro da cidade. O percurso é bem mesclado, com trechos planos, em subida e em descida. A primeira parte do percurso é tranqüila e somente após o km 5 que o bicho pega. O ponto alto do percurso é subida de 800m por volta do km 7. Após a subida é aumentar a velocidade para encarar um trecho plano até a chegada. 

As mulheres largam primeiro em Itu e uns 15 minutos depois largam os homens. Muita gente na largada esperando ansiosamente. Foi dada a largada e as mulheres partiram. 15 minutos passados e nada de liberar os homens. A demora estava maior que a habitual e os corredores começaram a ficar impacientes. Pelo som, o locutor informou que estavam socorrendo uma mulher que passou mal 200 metros após a largada. Sabemos que é normal algumas pessoas se sentirem mal, especialmente com o calor que vinha fazendo e considerei o acontecido como normal. Prestado o atendimento, a largada foi liberada. Mal sabíamos o que tinha acontecido realmente. 

Foi uma grande festa. Muitos fogos na largada. Partimos eu e o amigo Ricardo Foller em busca de um ritmo confortável para completarmos a prova sem forçar muito. A população da cidade incentiva os atletas. Antes do primeiro km as pessoas nos bares esticavam o braço com um copo de cerveja na mão, para nossa “hidratação”. Só risada. Curtimos bem o início da prova. Passamos tranqüilos pelo km 5 em aproximadamente 23’ 30’. Sabíamos que perderíamos tempo na segunda parte da prova devido às subidas e ao cansaço acumulado. Fomos mantendo o ritmo no plano e controlando nas subidas. Um dava força ao outro. Vi que na subida estava bem, controlando o ritmo e ultrapassando bastante gente. No km 9 a chuva caiu forte e gelada. Foi muito bom. Aceleramos no último km da prova e cruzamos com um sprint o pórtico da chegada. Não tinha pretensão quanto a tempo para essa prova e muito menos estava confiante numa boa corrida ritmada. As pernas estavam cansadas devido a rodagem semanal que vem aumentando aos poucos visando a preparação para a Maratona da Linha Verde em BH. Com a prova, foram  66K rodados na semana. A ideia era rodar pra 50’. Fiquei feliz com os 48’ 31”, bem melhor que os 54’ 56” que tinha feito em 2010. Entre as mulheres saiu vitoriosa a atleta Sueli Pereira Silva (35’ 15”) e entre os homens Silvano Lima Pinto (30’ 57”).

Muita chuva no final!!!

Eu, Murilo, Cesinha e Ricardo.

A chegada.

A medalha.

Algo que curto muito nas provas é fotografar com os amigos após a chegada, conversar e analisar nosso desempenho. Mas quando cruzamos o tapete a corrida terminou mesmo. Eu, Ricardo e Cesinha estávamos tirando algumas fotografias, quando recebemos a triste notícia do falecimento da Dona Josefa. Portanto, sequer deu tempo de conversar com a galera. Saímos desesperados por mais informações e aos poucos fomos encontrando com o pessoal da equipe. Foi muito triste. Deixamos Itu por volta da Meia-noite, desolados. Aos amigos que amam o esporte e desejam correr por muitos anos procurem manter os exames médicos em dia para verificar a existência de algum problema. Estamos todos sujeitos, mas podemos nos precaver em algumas situações. Um acompanhamento médico é fundamental.

Infelizmente, desta vez, não teve bão. 

Nota: O enterro da Sra. Josefa Rafael dos Santos de 61 anos ocorreu às 13:30h do dia 12 de fevereiro de 2012 no Cemitério Municipal de Araras. A Equipe de Corrida Sayão F.C. esteve presente na emocionada despedida.